sábado, 25 de agosto de 2012

A PRÁXIS PEDAGÓGICA DE PAULO FREIRE



Este texto é parte do trabalho apresentado no XIII Fórum de Estudos: leituras de Paulo Freire, realizado em Santa Rosa (RS), entre os dias 26 e 28 de maio, de 2011. No qual aconteceu o partilhamento de conhecimento e experiências acerca do pensamento freireano para a agenda da educação no século 21.
Defendemos que o ato educativo libertador na visão freireana se constitui em um exercício de amor e esperança, numa ação transformadora. A revolução que se vislumbra como condição de possibilidade no momento histórico atual será feita com os homens em favor da humanização.
Pois no entender de Freire, o homem não pode ser entendido fora de suas relações com o mundo, de vez que é um “ser-em-situação”, é também um ser do trabalho e da transformação do mundo. O homem é um ser da “práxis”: da ação e da reflexão.

Segundo Freire, “a educação é comunicação, é diálogo, na medida em que não é a transferência 
de saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a significação dos significados”. O exercício de entendimento do processo histórico, ou seja, da condição humana, acontece mediante o processo de compreensão do homem como ser histórico-cultural, que, por sua vez, envolve a transformação do mundo e de seus próprios modos de ser. Assim, ao criar novas referências de mundo o homem emerge em novas perspectivas de pensar, nas quais tem o desafio de qualificar as possibilidades a partir da prática, sempre se reavaliando e aperfeiçoando sua ação.
Na práxis freireana, portanto, a dimensão histórica das práticas é um devir, isto é, depende da ação dos homens ao construir à história, que neste caso é entendida como possibilidade. O pensar estratégico do homem está na pertinência de sua ação e da reflexão coerente sobre os propósitos. Sob este aspecto, a compreensão que a história é uma dimensão cultural, resultado da ação dos homens, a partir dos interesses políticos, é indispensável para a libertação deles, pois a desnaturalização das práticas sociais é condição para a autonomia.
A práxis da pedagogia freireana entende a que as relações sociais são produtoras de sociabilidade humana e, sendo assim, a humanização destas práticas constitue condição fundamental para a educação. A autoconstrução do ser social na perspectiva da emancipação humana acontece mediante este processo de ação e reflexão sobre a ação, na busca permanente de compreensão da história, ressignificando conceitos, no processo de interlocução sobre o entendimento do homem, da sociedade e do mundo.
A práxis na visão de Freire, então, é a compreensão de que há uma necessidade de o homem sempre estar pensando sobre seus atos, implica, assim, o exame de suas práticas e ideias. A educação concebida por esta perspectiva interpela para o desenvolvimento da capacidade especulativa e criativa, cuja maneira de raciocinar, de perceber o nexo entre os elementos que formam a realidade social, cultural e política é privilegiada nas práticas pedagógicas cotidianas.
A práxis freireana instiga o aluno a questionar o mundo, problematizar a realidade para descobrir os perfis dela, que muitas vezes são velados. Efetivamente, a reflexão sobre as práticas tem o objetivo desmistificar as ilusões sociais coletivas e desvelar os mecanismos ocultos de dominação que constituem as estruturas e processo sociais e políticos atuais. A libertação dos homens, neste caso, depende de uma compreensão mais rigorosa do mundo, no qual a educação pode contribuir se criar meios para intervir a partir do conhecimento.
O conhecimento para a intervenção social e política, portanto,  tem o desafio de questionar a lógica pedagógica tradicional, marcada pelas concepções e princípios neoliberais, no qual a educação serve fundamentalmente para regulação e não para libertação. Neste caso, o processo educativo, como práticas cotidiana de compreensão das relações humanas, tem como pressuposto possibilitar ao aluno ir além da experiência ingênua do mundo e se apropriar de uma visão crítica sobre o mesmo.