AUTOR: JAIME CORDEIRO – LIVRO: DIDÁTICA
"Resenha".
O autor
Jaime Cordeiro declara no seu livro que a escola por algum tempo cumpriu um papel claramente seletivo
selecionando os futuros componentes das elites intelectuais e futuros dirigentes
do nosso país, também futuros funcionários dos quadros executivos da
administração pública.
O autor relata que, no início
da década de 1970 aboliu-se o exame de admissão que selecionava os alunos para
o antigo curso ginasial, e unificaram os oito primeiros anos iniciais
transformando-os no ensino de 1º grau que atualmente é conhecido como ensino fundamental, que tem uma
clientela entre as faixas etárias de 7 a 11 anos de idade em continuidade ao
ensino básico. Porém, apesar da democratização, apenas um numero reduzido de alunos
cursava todos os oito anos obrigatórios e conseguia chegar ao segundo grau,
atualmente conhecido como ensino médio,
cuja conclusão os habilitaria ao curso superior.
Desse modo, Uma
primeira medida para melhorar a situação foi a criação do chamado ciclo básico
na década de 1980 unindo as duas primeiras séries da escolaridade obrigatória
num único ciclo. Durante a década de 1990 os mecanismos de exclusão e os
procedimentos de avaliação se multiplicaram e hoje já se fala em inclusão,
progressão continuada, reforço escolar e recuperação contínua entre outras
maneiras de reverter o fracasso da exclusão escolar.No entanto o assunto avaliar compreende-se como parte
indispensável do processo ensino/aprendizagem e como mecânismo que permite ao
professor e ao aluno reorientar suas ações de forma a garantir a aprenizagem.
Sobretudo nas
representações da avaliação o autor menciona memórias dos tempos escolares
marcadas pelas lembranças de provas ou exames, momentos esses que exigiam do
aluno mudanças na sua postura corporal e mental, mudanças de atitude como por
exemplo: sentar-se direito e não falar com os colegas, não olhar para os lados
etc. Tais mudanças momentâneas nas práticas habituais da sala de aula, fazem do
ato de avaliar uma proclamação das hierarquias, os vitoriosos e os derrotados e
essa carga de solenidade permanece na memória das pessoas, marcando fortemente
os pais, sociedade em geral a escola e a escolarização, mais que isso: a
relação professor/aluno, o ensino a aprendizagem e o saber.
No caso da
TV Brasileira foi observado nos
programas: Malhação e Escolinha do Professor Raimundo, sendo que no
programa malhação em dado momento numa conversa de alunos preocupados com
problemas particulares, numa sala de aula, surge a cobrança de um “teste
surpresa” como forma de avaliação, evidenciando a falta de propósito pedagógico
e preparo dos professores, tendo unicamente a função de reafirmar posições, os
papéis e a distribuição efetiva do poder. Na Escolhinha do Professor Raimundo
confunde-se o estudar, com o ato de responder perguntas
formuladas pelo Professor e a atribuição
de notas com critérios pré definidos.
Além disso, Famílias,
imprensa, agentes públicos, alunos e pais voltam suas atenções para a avaliação
escolar, pois as estatísticas não se contentam apenas com a produção de
informações sobre os números de matrículas e conclusões de curso.Surgem os
mecanismos de avaliação externas nacionais e internacionais, PROVA BRASIL,
SARESP, entre outras para verificar o trabalho realizado nas escolas e criam-se
índices de escolarização mais refinados como o do analfabetismo funcional,
porém a imprensa explora os diversos resultados e evidencía um quadro desolador
para o Brasil e mostra a enorme e grave dívida quanto a aprendizagem efetiva
produzida nessa escolarização.
Houve um
aumento expressivo de alunos somente nas ultimas três décadas.A escola de hoje
volta-se para um único teste ou prova escrita tendo como principal objetivo a
transmissão de determinados conhecimentos, porém os modos de se efetivar a
avaliação e seus instrumentos dependem da concepção pedagógica assumida. Verifica-se nesse método comparações e
classificações de resultados enquadrados no que a estatística chama de curva de Gauss.
Apesar de
que as vezes existe a aquisição de resultados, outros critérios podem surgir
sutilmente e repõem a estratégia da normalização.A curva de Gauss tem somente
uma função de normalização bem aceita atualmente e aplicada, concursos e
vestibulares. Atualmente os professores corrigem os trabalhos e aplicam menções
de modo atenuar ou invalidar suas pretenções.
O autor
aponta os conselhos de classe e série e reuniões pedagógicas como um espaço de
debate na escola que pode ser utilizado de modo mais proveitoso do que apenas
troca de informações e tomada de decisões sobre o rendimento dos alunos.Destaca
a importância de se instaurar na escola um processo de reflexão sobre a prática
pedagógica pois num ponto de vista mais amplo da sociedade, há disseminada uma
expectativa em torno da avaliação escolar que é muito marcada pela avaliação
normativa hierarquizadora e classificatória que não pode ser colocada como
principal parâmetro de análise de cada uma das situações singulares vividas
pela maioria dos alunos e professores espalhados pelo Brasil. Ressalta ainda a
necessidade de compromisso político, institucional e profissional com a noção
de igualdade para que os alunos aprendam o que a escola se propõe a ensinar.