quarta-feira, 27 de junho de 2012

AUTOR: JAIME CORDEIRO – LIVRO: DIDÁTICA


AUTOR: JAIME CORDEIRO – LIVRO: DIDÁTICA


"Resenha".

O autor Jaime Cordeiro declara no seu livro que a escola por algum tempo  cumpriu um papel claramente seletivo selecionando os futuros componentes das elites intelectuais e futuros dirigentes do nosso país, também futuros funcionários dos quadros executivos da administração pública.
 O autor relata que, no início da década de 1970 aboliu-se o exame de admissão que selecionava os alunos para o antigo curso ginasial, e unificaram os oito primeiros anos iniciais transformando-os no ensino de 1º grau que atualmente é conhecido como ensino fundamental, que tem uma clientela entre as faixas etárias de 7 a 11 anos de idade em continuidade ao ensino básico. Porém, apesar da democratização, apenas um numero reduzido de alunos cursava todos os oito anos obrigatórios e conseguia chegar ao segundo grau, atualmente conhecido como ensino médio, cuja conclusão os habilitaria ao curso superior.
Desse modo, Uma primeira medida para melhorar a situação foi a criação do chamado ciclo básico na década de 1980 unindo as duas primeiras séries da escolaridade obrigatória num único ciclo. Durante a década de 1990 os mecanismos de exclusão e os procedimentos de avaliação se multiplicaram e hoje já se fala em inclusão, progressão continuada, reforço escolar e recuperação contínua entre outras maneiras de reverter o fracasso da exclusão escolar.No entanto o assunto avaliar compreende-se como parte indispensável do processo ensino/aprendizagem e como mecânismo que permite ao professor e ao aluno reorientar suas ações de forma a garantir a aprenizagem.
Sobretudo nas representações da avaliação o autor menciona memórias dos tempos escolares marcadas pelas lembranças de provas ou exames, momentos esses que exigiam do aluno mudanças na sua postura corporal e mental, mudanças de atitude como por exemplo: sentar-se direito e não falar com os colegas, não olhar para os lados etc. Tais mudanças momentâneas nas práticas habituais da sala de aula, fazem do ato de avaliar uma proclamação das hierarquias, os vitoriosos e os derrotados e essa carga de solenidade permanece na memória das pessoas, marcando fortemente os pais, sociedade em geral a escola e a escolarização, mais que isso: a relação professor/aluno, o ensino a aprendizagem e o saber.
No caso da TV Brasileira foi observado nos programas: Malhação e Escolinha do Professor Raimundo, sendo que no programa malhação em dado momento numa conversa de alunos preocupados com problemas particulares, numa sala de aula, surge a cobrança de um “teste surpresa” como forma de avaliação, evidenciando a falta de propósito pedagógico e preparo dos professores, tendo unicamente a função de reafirmar posições, os papéis e a distribuição efetiva do poder. Na Escolhinha do Professor Raimundo confunde-se o estudar, com o ato de responder perguntas formuladas pelo Professor e  a atribuição de notas com critérios pré definidos.
Além disso, Famílias, imprensa, agentes públicos, alunos e pais voltam suas atenções para a avaliação escolar, pois as estatísticas não se contentam apenas com a produção de informações sobre os números de matrículas e conclusões de curso.Surgem os mecanismos de avaliação externas nacionais e internacionais, PROVA BRASIL, SARESP, entre outras para verificar o trabalho realizado nas escolas e criam-se índices de escolarização mais refinados como o do analfabetismo funcional, porém a imprensa explora os diversos resultados e evidencía um quadro desolador para o Brasil e mostra a enorme e grave dívida quanto a aprendizagem efetiva produzida nessa escolarização.
Houve um aumento expressivo de alunos somente nas ultimas três décadas.A escola de hoje volta-se para um único teste ou prova escrita tendo como principal objetivo a transmissão de determinados conhecimentos, porém os modos de se efetivar a avaliação e seus instrumentos dependem da concepção pedagógica assumida.  Verifica-se nesse método comparações e classificações de resultados enquadrados no que a estatística chama de curva de Gauss.
Apesar de que as vezes existe a aquisição de resultados, outros critérios podem surgir sutilmente e repõem a estratégia da normalização.A curva de Gauss tem somente uma função de normalização bem aceita atualmente e aplicada, concursos e vestibulares. Atualmente os professores corrigem os trabalhos e aplicam menções de modo atenuar ou invalidar suas pretenções.
O autor aponta os conselhos de classe e série e reuniões pedagógicas como um espaço de debate na escola que pode ser utilizado de modo mais proveitoso do que apenas troca de informações e tomada de decisões sobre o rendimento dos alunos.Destaca a importância de se instaurar na escola um processo de reflexão sobre a prática pedagógica pois num ponto de vista mais amplo da sociedade, há disseminada uma expectativa em torno da avaliação escolar que é muito marcada pela avaliação normativa hierarquizadora e classificatória que não pode ser colocada como principal parâmetro de análise de cada uma das situações singulares vividas pela maioria dos alunos e professores espalhados pelo Brasil. Ressalta ainda a necessidade de compromisso político, institucional e profissional com a noção de igualdade para que os alunos aprendam o que a escola se propõe a ensinar.